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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DOS DOENTES

01 - Fica decretado que, a partir de agora,  os doentes não serão mais considerados culpados pelas suas doenças, como tem sido por burocratas que não estão doentes e, portanto, desconhecem o sofrimento;
02 – Fica decretado que, a partir de agora, a vida de qualquer cidadão será considerada prioridade pelo Estado e que reconhecerá o valor dos profissionais da saúde à altura do seu heróico trabalho;
03 – Fica decretado que, a partir de agora, a nenhum cidadão será negado nenhum medicamento, por mais vultoso que seja o seu custo, desonerando-o de ingressar na justiça para a garantia da continuidade de sua vida;
04 – Fica decretado que, a partir de agora, caberá aos hospitais e aos órgãos públicos da saúde resolverem os problemas de obtenção e administração dos medicamentos ou tratamentos de qualquer natureza, desonerando os próprios doentes desses encargos;
05 – Fica decretado que, a partir de agora, os doentes não serão mais considerados cidadãos que atrapalham a gestão pública, pois suas próprias vidas justificam a gestão pública;
06 – Fica decretado que, a partir de agora, mesmo com todos os cuidados, qualquer cidadão tem o direito de ser contaminado, de sofrer um acidente, de contrair doenças de qualquer natureza, uma vez que não dispõe de poder de decisão sobre os infortúnios;
07 - E fica decretado que o governo de qualquer instância será obrigado a interromper a execução de qualquer obra material na hipótese de insuficiência de recursos, uma vez que toda ação humana deve reconhecer o direito à vida como superior a qualquer outro.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Como drogar os próprios filhos

          Surpreendente como vejo adultos cobrando excelência de comportamento da juventude, sem antes  perguntarem-se o que deixamos para ela. Vivemos cegos diante de todas as boas lições do passado, permitimos que a corrupção dos vícios, das atitudes, das crenças, de todas as formas, enfim, tomassem conta das nossas vidas. Nos entregamos à pior de todas as corrupções: a idéia de que a realização pessoal depende da fortuna, da fama, da "estabilidade" num concurso público, da ostentação de um belo carro, das "grifes" e tudo mais.Abandonamos por completo qualquer pedagogia orientada à formação moral e ética. Aliás, jogamos tudo isso no lixo. Salve-se quem puder! O mundo é dos mais vivos e os fins justificam os meios. Vale tudo. "Não seja trouxa, meu filho, o maior come o menor, é a lei da natureza, dizemos...E assim fomos sepultando a sociedade do ser preferindo a do ter. Não nos conhecemos mais. Peça a qualquer pessoa para falar de si mesmo e verá a sua grande dificuldade. Pensará muito antes de tentar dizer algo. Cobramos, contudo, o que não somos. Reclamamos dos políticos enquanto enganamos os outros, num narcisismo que chega a ser até bizarro. A escola que deixamos vai na contramão do que esperamos, com os nossos péssimos exemplos. Nossas ruas, outrora bem mais tranquilas, amedrontam. Nunca sabemos se voltaremos vivos para casa. É a barbárie crescendo sem que percebamos. Mas, narcisicamente como em quase tudo, não temos nada com isso, internamente estamos em "ordem". Os outros é que resolvam. O ter suplantou o ser tão desequilibradamente que estamos disformes numa multidão anônima, desorientados, pessimistas e atemorizados. Queríamos o que? Fracassamos com os nossos extremismos ideológicos, encurralamos nossas reservas morais e espirituais em troca de uma competição de "status" doentia e infelicitadora. Nunca teremos o bastante, por mais que tenhamos. Velha lição, mas esquecemos. Grana, grana, fica rico meu filho! Te pela, filhina, tão pagando bem! E assim, furtivamente, o mal toma conta da vida. Um dia seremos cobrados por tudo isso e, comodamente, atribuiremos ao fatalismo, ao "inexorável rumo da História." Os bens materiais tomaram conta da vida e são a nossa grande ambição e como a maioria sempre estará abaixo dos paradigmas "BillGates", a infelicidade desfila triunfante. Erramos na busca do prazer! A vida nos oferece inúmeras alternativas de paz espiritual, de conduta moral, de fontes de prazer que não exploramos. Elas dependem da novas atitudes e busca do outro conhecimento: o de nós mesmos."Conhece a ti mesmo!" - estava escrito nos portais do Oráculo de Delfos. Poucos descobrimos que o retorno a nós mesmos nos leva à satisfações e prazeres incomparavelmente maiores que os bens materiais, quando buscamos extrair o que de melhor está acumulado nas nossas potencialidades. Aí está o vervadeiro segredo, resgatar nossas reservas morais e espirituais como base para a reconstrução individual. Do contrário, estaremos sendo cúmplices desse fracasso e, sem admití-lo, empanturrando a cabeça dos nossos filhos com sonhos que a maioria não pode realizar e, frustrada, se droga para se iludir que alcança.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Sarney e o Demo

Sarney e o Demo
Piada contada na Praça João Lisboa em São
Luís (MA), pelos frequentadores do Largo
fronteiro aos correios:
Em uma de suas viagens, no jatinho do laranja
dono de uma faculdade maranhense, Sarney, com o
seu pijama de seda, fazia a leitura diária de
seu Maquiavel em um aposento privativo do avião.
No mesmo vôo, vinha sua assessoria e os puxa.
Em dado momento eis que aparece o diabo.
Nesse instante, para não perder a viagem, o
coisa ruim disse que o jato iria cair e todos
morreriam e começou a fazer o avião balançar
muito.
Apavorados, os assessores foram até a cabine
onde se encontrava o tranqüilo chefe e
contaram o que estava acontecendo.
Zangado, o Senador saiu do cômodo e foi ter
com o diabo e perguntou:
- Você sabe quem sou eu?
O Diabo: - Sim, o Sarney!

Sarney: - Você sabe quem mandou prender o Zé
Rinaldo Tavares usando seu prestigio junto à
Justiça e à PF para satisfazer os caprichos
de minha mimada filha?
O Diabo: - Com certeza foi Vossa Excelência.
Sarney: - Você sabe quem manda no Amapá e até
no desafeto Capiberibe?
O Diabo: - É o senhor.
Sarney: - Você sabe quem não deixou o
Governador eleito do Estado do Maranhão
trabalhar, e fez de tudo até tirá-lo do cargo
no tapetão e colocar sua filha?
O Diabo: - O senhor é fogo..., não há dúvida
que é o senhor!
Sarney: - Você sabe quem manda no Lula e em
centena de petistas?
O Diabo: - O senhor, é claro!
Sarney: - Você sabe quem mandou durante
quarenta anos no Maranhão, transformando- o
no Estado mais pobre e que tem o menor IDH do
país, construiu também um mausoléu num lugar
que era do Estado só pra satisfazer seu ego?
O Diabo: - É demais! Foi Vossa Excelência!
Sarney: - Sabe quem dá as cartas na
Eletronorte, BNDES, Ministério das
Comunicações, Correios, Petrobrás e tem
grandes influências em quase todos os
Ministérios e na Câmara dos Deputados.?
O Diabo: - Não tenho dúvidas que é Vossa
Excelência.
Sarney: - Você sabe quem é sócio de um Banco
em Miami, foi sócio do ex-Banco Santos, é
sócio de uma indústria de automóveis na
Índia, sócio de um grande hospital, de um
shopping e de dois prédios na avenida mais
movimentada de São Luís, além de possuir
vários quadros famosos e livros raros em uma
ilha?
O Diabo: - Isso nem eu sei dizer de quem é,
mas na dúvida..., acho que é do Senador.
Sarney: - Sabe quem Ricardo Murad chama de
painho e toma a benção todo dia por telefone
antes de sair de casa?
O Diabo: - Francamente. ...., é o senhor !
Sarney: - Você sabia que agora sou Presidente
do Senado só para abafar uma investigação da
PF e tirar o Tarso Genro, tudo para mostrar
ao Lula quem manda?
O Diabo: - És pior que eu !
Sarney: - Sabe quem possui o maior império de
comunicação do Brasil para manipular pessoas
em um Estado que tem um dos maiores índices
de analfabetismo do país?
O Diabo: - Cruz credo! És tu.
Sarney: - Sabes quem é meu genro?
O Diabo: - Vou enfartar...
Sarney: - Se liga! Se eu morrer, com certeza,
vou para o inferno, e sabe quem vai mandar
por lá?
O Diabo: - Sai pra lá, coisa ruim!
Neste exato instante o diabo escafedeu-se e o
avião parou de
balançar e tudo ficou como antes...

Impunidade e Ditadura

          Arrisco dizer que há uma irresignação generalizada contra a impunidade diante da corrupção. Quando o país exigiu o retorno às liberdades democráticas, estava sinalizando que desejava repor o Congresso e demais parlamentos ao seu papel primordial: debater os grandes problemas da sociedade e do país e encaminhar as soluções. Isso presumia, creio, reformar o código penal e tornar a vida dos corruptos insuportável. Ao contrário, a corrupção saiu do fechado grupo palaciano (Brasília, estados e municípios) para "democratizar-se" ao permitir que muitos outros também pudessem roubar. Vinte e cinco anos de reconquista das liberdades civis e nada, até agora, de reforma do código. Tudo leva a crer que o Congresso não irá mexer nesse assunto. Fará, vez que outra, alguma "mexidinha aqui e ali" para tentar contentar a população. Construiu-se uma relação tão corrupta entre o Congresso, muitos eleitos, e os corruptores, que parece difícil desmanchá-la. Lobo não come lobo, diz o velho ditado. Então não serão os faltosos a punirem as próprias faltas. Contudo, tal fato é criador de limites de suportabilidade. Há um momento em que a população irresigna-se a tal ponto que acaba por buscar outras saídas. Daí o saudosismo de muitos que começam a preferir uma "ditadura ética", típico discurso daqueles que, como hoje,  condenam um Kadafi mas sonham em ficar 42 anos enriquecendo sem oposição. As lições estão aí. A história está repleta de exemplos. Ou aprendemos as lições ou não deveremos chorar amanhã. Os parlamentares, com o privilégio do mandato que o povo lhes conferiu, tem essa missão de resposta. Do contrário, não estarão justificando o próprio Congresso e, logo logo começarão os sinais de um novo fechamento. E não faltarão aplausos, o que será mais trágico.
          Sejamos cidadãos, vamos usar a internet, vamos tuitar, e-mails e tudo mais, vamos empurrar nossos congressistas. 
          O fim da impunidade traria bilhões em economia aos cofres públicos. 
          Isso é prioridade!!!

O que me veio à cabeça nesta sexta.

  • Durar, apenas, não é viver. A vida sem prazer não tem sentido.
  • Quanto mais busco extrair de mim o que tenho de melhor, mais satisfação eu sinto.
  • Quem troca seguidamente de parceira, ainda não descobriu nada sobre as mulheres. É um ignorante.
  • A estabilidade garantida por lei, para alguns, cria uma injustiça para os outros que, sujeitos às oscilações da vida, devem sustenta-los.
  •  Os homens tem uma certa preguiça e um inconsciente medo de conhecerem a si próprios. Viver projetados nos outros é mais cômodo.
  • Em Roma seja um romano. Velho ditado. Por isso há tantos honestos contemporizando com bandidos.
  • Onde não há crítica, a inércia toma conta.
  • Quando não há contestação, a verdade desaparece.
  • Mais luminoso é o meu futuro quando leio o passado.
  • Quem se constrói dignamente, já melhorou o mundo.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Pensando na vida.


Viajando num confortável ônibus entre Sombrio-SC e Porto Alegre-RS, abri meu lap top e matei as quatro horas de viagem com idéias ao vento:
  •  O tempo está sempre chegando com seu longuíssimo rabo de passado.
  •  Ama os teus inimigos. Sem vaselina.
  • Ria da desgraça, ela ficará menor.
  • As mulheres não estão escritas numa linguagem matemática.
  • O bom casamento é como uma pedra de diamante que a gente lapida, lapida e fica sempre do mesmo jeito.
  • A democracia também democratiza o roubo.
  • Vivemos cada vez mais o que nos rodeia. Cada vez nos conhecemos menos; muitos já não sabem mais quem são.
  • Estamos cada vez mais conectados ao mundo e menos a nós mesmos.
  • Peça a alguém para falar de si mesmo e verás a sua grande dificuldade.
  • Quanto mais conhecemos o passado, mais a mente dispara pensamentos sobre o futuro.
  • As mulheres gostam de nos provocar; querem saber até onde estamos na relação.
  • A  física quântica não explica as sutilezas femininas.
  • Via de regra, elas nos escolhem para escolhê-las; mas o cortejo insistente também dá certo.
  • Mais fácil compreender o mais difícil da matemática do que entender uma alma feminina. Isso nos estimula.
  • Toda crença é uma alienação.
  • A terra é um imenso paraíso. Por que não o vemos, por que não o suportamos?
  • Quase todas as confissões religiosas proclamam-se proprietárias da verdade. Daí o fanatismo e a violência.
  • O sentimento de propriedade rebenta qualquer relação, mesmo as afetivas.
  • O medo aproxima muitos honestos aos bandidos.
  • Ninguém é livre enquanto sentir qualquer espécie de medo. Mesmo da morte. A liberdade é uma questão de consciência e a sua plenitude um mito.
  • Muitos vivem um ano repetidos oitentas vezes e pensam que viveram oitenta anos.
  • Eu luto comigo mesmo, sou meu maior inimigo.
  • Não posso aconselhar o que não consigo fazer.                

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

A força do exemplo.

          Sêneca dizia, na antiga Roma, que os resultados obtidos pela educação aparecem muito lentamente, enquanto que os resultados através dos exemplos tinham efeito imediato. Por aí começo a compreender o porquê desse círculo vicioso do mau caratismo brasileiro. Os exemplos de cima são péssimos. A corrupção espalha seus vírus de forma disseminada, traindo milhões de cidadãos que seguem o caminho mais fácil, apodrecendo o caráter da mesma forma. Aponte-me um político virtuoso: terás dificuldade de lembrar de um; mas se perguntar de algum corrupto, a resposta estará pronta. Parece ser mais "prazeroso" escancarar os defeitos do que as qualidades.  Carecemos de exemplos. Pior: quando aparece alguém trazendo alguma esperança, não resiste e descamba para as tentações. Lula poderia ter feito isso não houvesse permitido o enriquecimento do filho ou assumido uma postura diferente diante dos escândalos como o mensalão. Não falo daquela outra categoria social onde a corrupção é um valor, os narcísicos tanto da direita quanto da esquerda (se é que isso ainda existe). Lembro de Castelo Branco, o primeiro presidente pós golpe de 64: demitiu o irmão de um alto cargo de um ministério e ordenou-lhe que devolvesse o presente que havia recebido: um Aero Wyllis. Atitude como essa, hoje, é um verdadeiro contrassenso. Aguardo por um bom exemplo. As virtudes tem uma importância sociológica fundamental: repor as resistências à destruição de uma sociedade. Napoleão dizia que "os homens são raros". Mas existem. Acreditemos.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

A Entrevista do Ministro Mercadante: uma vergonha!

          Pois assisti, ontem, à entrevista do Ministro Mercadante, de C&T, no Canal Livre da Bandeirantes.
Confesso que durante todo o programa aguardei, com ansiedade, uma declaração objetiva sobre alguma decisão importante do governo na área. Frustração total. O Dr. Mercadante repetiu o que intelectuais acadêmicos dizem sempre: "O Brasil precisa se preocupar com isso...", "é importante que o empresariado comece a  pensar naquilo...", "é necessário um novo modelo que..."... e assim por diante. Pior: deu um exemplo do fracasso do governo Lula: O Brasil não tem nenhuma patente a partir da Copaíba, enquanto outros países já obtiveram dezenas em cima do produto brasileiro. Pior ainda: o Dr. Mercadante discorria como se não houvesse governado nos oito anos anteriores. Fracassamos nesse mandato "democrático e popular" onde espalhamos milhões de bolsas famílias para ganhar votos, enquanto permanecemos estagnados na produção científica e tecnológica, o centro, o fundamento da geração de riquezas para resolver em definitivo os problemas sociais. Desde o tempo do FHC oscilamos entre 200 e 400 patentes depositadas anualmente. A maioria de estatais. Uma vergonha. Dizem outros intelectuais inúteis: "o empresariado brasileiro não tem tradição de criação tercnológica.". Ora, a Coréia do Sul também não tinha, a China idem, outros países da mesma forma. É aí que entra o "Estado" ; é aí que o governo deve chamar a si a responsabilidade e tomar as decisões sobre o que produzir. Esperava que o Dr. Mercadante disssesse, por exemplo: vamos desenvolver e produzir equipamentos médicos cuja importação nos custa tantos milhões de dólares anualmente; vamos produzir o nosso automóvel; vamos desenvolver as fontes para microondas; vamos produzir equipamentos novos para transmissão de dados ou seja lá o que for. Assim se rompem paradigmas e se transforma a cultura. Assim as novas gerações assimilam  essa nova cultura e a reproduzem depois. Caramba! Sem saber o que fazer, fará o que os intelectuais adoram: formará um grande "conselhão" de autoridades internacionais para discutirem "o que será importante para o futuro". Como exercício intelectual, vá lá. Mas, perguntaria: o que fazer até que encerrem essas discussões que, seguramente, consumirão "anos" de debates, como sempre?
      Acorda Ministro Mercadante! O Brasil estava pronto para gastar dezenas de bilhões com aviões, submarinos e helicópteros franceses, mantendo nossa eterna dependência no que é estratégico. Que tal usar esses recursos de forma ousada e desenvolver um sistema de defesa próprio, alavancando centenas de empresas por aqui mesmo, capacitadas, em consequência, para a criação de novos produtos?
Sai muito mais barato comprar informações no "mercado paralelo" internacional, do que encher o bolso dos franceses.
          O Brasil precisa de ousadia, ousadia de estadistas e não de políticas atrasadas e intelectuais inconsequentes.
          Pelo Brasil!
           

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

A morte do jornalismo

          Pois um dos fatos que me entristece, é a transformação radical sofrida pelo jornalismo brasileiro nas últimas décadas. Lembro dos nossos órgãos de imprensa com profissionais engajados nas grandes questões nacionais, políticas, ideológicas e sociais. Claro que era outra época, que somos todos saudosistas, que lembramos do passado sempre com aquela visão idílica e tudo mais. Não esperava, todavia, que as mudanças viessem na direção da vitória do pragmatismo jornalístico, das individualidades descompromissadas com o que não corresponde ao próprio projeto de vida. Jornais, revistas, redes de TV, afirmaram-se como empresas como quaisquer outras, onde o único compromisso é com os resultados financeiros. Vale tudo: entregar a Amazônia, compactuar com a corrupção, sepultar velhos valores republicanos, vale qualquer coisa desde que o lucro esteja garantido ao final do exercício. Parece que o mesmo fenômeno espalhou-se em outros países. Lembram de Al Pacino, representando o último jornalista preso à ética e aos valores da república? Pois é, hoje é assim. Vivo repetindo que estamos no período da morte das idéias, dos debates, das visões de futuro. Presos ao hedonismo de todas as matizes. Mas, dizemos: as coisas são assim mesmo. Morreu o velho jornalismo, nasceu outro muito pior. Pena.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Hedonismo político:matando nosso futuro...

          Pois, caros amigos, fico impressionado com o que acontece pelo mundo e frustrado com nossa falta de ousadia. Mesmo países pequenos, como Cingapura, conseguem proezas notáveis em muitas áreas, mostrando uma determinação de causar inveja. Lembrei-me da Coréia, que há trinta, quarenta anos atrás tinha um povo comendo cobras e sapos, com professores ganhando 40 dólares por mes e hoje ostentando indicadores que parecem ficção. Uma diferença: suas elites foram capazes de se programar para o futuro, estabelecer metas e trabalhar para alcançá-las. Aqui entristece-me a ausência de debates no Congresso, o silêncio do jornalismo, o fracasso da escola, o desaparecimento de referências entre a população. Parece que morremos para as idéias! Na política, onde tudo deveria desaguar e se transformar em estradas para percorrermos com motivação, emergiu de forma brutal uma das piores formas de corrupção: o voto como um fim em si mesmo. Tudo se resume em ações para a próxima eleição, os projetos não podem ser duradouros. Há pouco, um recém nomeado secretário de um estado do Sul opôs-se a um projeto de incentivo à empresas que implantassem centros de desenvolvimento em P&D, com uma pergunta de lascar a sensatez humana: "mas quanto tempo vai demorar isso?. Prova típica de um hedonismo político que sepulta o fundamental e povoa a gestão com paliativos inadmissíveis. O hedonismo político está matando nosso futuro, corrompendo nossas atitudes e cegando-nos para o fundamental: organizar as idéias, projetar nossas ações, demarcar a estrada e seguí-la em frente, com a certeza de que construiremos uma vida mais digna e justificadora da nossa presença no comando da coisa pública. Assusto-me: é tamanho o silêncio que tenho medo de morrer tendo perdido o mais banal dos sonhos, uma mínima idéia do amanhã, um pequeno sentimento, ao menos, de buscá-lo.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O voto e a gestão pública.

          Depois de tantos anos, posso concluir com segurança de que não há nada mais deformador da administração pública do que "o voto como um fim em si mesmo". Refiro-me às nomeações de cargos em comissão, os de "confiança". Nada contra nomear CCs, são imprescindíveis em muitas situações, haja vista nosso sistema de concursos e estabilidade do funcionalismo, junto à legislação pouco flexível para o comando das empresas públicas, cargos e funções em geral. O Problema é que, quando vencemos uma eleição, tratamos de fortalecer o(s) nosso(s) partido(s), e um dos instrumentos é a ocupação de espaço na esfera pública. Não dispondo de quadros técnicos qualificados, acabamos nomeando despreparados e incompetentes à revelia, que passam a chefiar até doutores. Uma subversão dos valores republicanos. Sou testemunha dos estragos causados por essa realidade que pouco ou nada preocupa nossos partidos. Vivemos submetidos a uma corrupção de outra natureza: os vícios das nomeações descriterioras, pensando unicamente no voto nas próximas eleições. Imagine um doutor com pós graduação em Harward chefiado por um quase analfabeto. Acontece que esse companheiro (não menos inteligente, mas despreparado) foi candidato e fez votos nas últimas eleições. Passa ao primeiro plano na "hierarquia" do comando partidário. Vejam por aí...O resultado é, seguidamente, a desmotivação do corpo funcional e arranhões na imagem que buscamos construir quando estávamos nas ruas com as nossas bandeiras, iludindo a população com os nossos "compromissos" com a seriedade na gestão, no respeito às instituições, na busca do bem comum. Triste constatar que mentimos tanto quanto os adversários que combatíamos. Talvez nos falte coragem para compor os quadros de outra forma, como fez o Lerner na primeiro mandato como Prefeito de Curitiba. Escolheu os melhores de cada área, atritou-se com a "companheirada", mas consagrou-se no final, com ganhos políticos justificados ao seu próprio partido. Substituímos a meritocracia pela votoestrepulia. Certa vez visitei o Governo Regional da Emilia Romagna (Bologna). Fiquei pasmo com o profissionalismo e a seriedade dos servidores. Altamente competentes, respondiam de imediato a qualquer demanda. Formados e treinados especificamente para isso. É a vantagem do governo parlamentarista: as crises políticas não inrterferem na condução dos assuntos públicos.
          É a hora de nos olharmos no espelho, fazermos uma mea culpa e buscarmos no fundo da nossa consciência aquela coragem digna dos verdadeiros líderes e resolvermos esse problema que custa caríssmo aos orçamentos pela incompetência das decisões e dos desempenhos.
          O autor da frase pode não ser muito simpático, mas escreveu pérolas:
          "Queres fazer um bom governo, conte com os notáveis."
                                                               (Napoleão)