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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O voto e a gestão pública.

          Depois de tantos anos, posso concluir com segurança de que não há nada mais deformador da administração pública do que "o voto como um fim em si mesmo". Refiro-me às nomeações de cargos em comissão, os de "confiança". Nada contra nomear CCs, são imprescindíveis em muitas situações, haja vista nosso sistema de concursos e estabilidade do funcionalismo, junto à legislação pouco flexível para o comando das empresas públicas, cargos e funções em geral. O Problema é que, quando vencemos uma eleição, tratamos de fortalecer o(s) nosso(s) partido(s), e um dos instrumentos é a ocupação de espaço na esfera pública. Não dispondo de quadros técnicos qualificados, acabamos nomeando despreparados e incompetentes à revelia, que passam a chefiar até doutores. Uma subversão dos valores republicanos. Sou testemunha dos estragos causados por essa realidade que pouco ou nada preocupa nossos partidos. Vivemos submetidos a uma corrupção de outra natureza: os vícios das nomeações descriterioras, pensando unicamente no voto nas próximas eleições. Imagine um doutor com pós graduação em Harward chefiado por um quase analfabeto. Acontece que esse companheiro (não menos inteligente, mas despreparado) foi candidato e fez votos nas últimas eleições. Passa ao primeiro plano na "hierarquia" do comando partidário. Vejam por aí...O resultado é, seguidamente, a desmotivação do corpo funcional e arranhões na imagem que buscamos construir quando estávamos nas ruas com as nossas bandeiras, iludindo a população com os nossos "compromissos" com a seriedade na gestão, no respeito às instituições, na busca do bem comum. Triste constatar que mentimos tanto quanto os adversários que combatíamos. Talvez nos falte coragem para compor os quadros de outra forma, como fez o Lerner na primeiro mandato como Prefeito de Curitiba. Escolheu os melhores de cada área, atritou-se com a "companheirada", mas consagrou-se no final, com ganhos políticos justificados ao seu próprio partido. Substituímos a meritocracia pela votoestrepulia. Certa vez visitei o Governo Regional da Emilia Romagna (Bologna). Fiquei pasmo com o profissionalismo e a seriedade dos servidores. Altamente competentes, respondiam de imediato a qualquer demanda. Formados e treinados especificamente para isso. É a vantagem do governo parlamentarista: as crises políticas não inrterferem na condução dos assuntos públicos.
          É a hora de nos olharmos no espelho, fazermos uma mea culpa e buscarmos no fundo da nossa consciência aquela coragem digna dos verdadeiros líderes e resolvermos esse problema que custa caríssmo aos orçamentos pela incompetência das decisões e dos desempenhos.
          O autor da frase pode não ser muito simpático, mas escreveu pérolas:
          "Queres fazer um bom governo, conte com os notáveis."
                                                               (Napoleão)


Um comentário:

  1. Tchê De Cesaro

    Por acaso és parente do Verdi De Cesaro,filho da Beth,que hoje moram em garopaba?

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