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quinta-feira, 7 de abril de 2011

Yes, we don't can!

          Lembram da famosa intervenção do Obama durante a campanha: Yes, we can!? Pois percorreu o mundo, com sua simplicidade, reacendendo a esperança de milhões de americanos sufocados pela sua impotência diante das mazelas do seu sólido sistema democrático que, como em qualquer democracia, tem um centro de poder absoluto e inacessível ao próprio povo. De brasileiros também, já que continuamos um país reflexo. Sim, nós podemos vencer uma eleição, gritar nos estádios, tuitar para milhares de seguidores, desabafar para todos os amigos, votar e eliminar no BBB, chingar um personagem na novela enquanto assistimos, podemos muitas coisas. Obama assumiu e logo descobriu que não pode (talvez já soubesse disso).  Não pode fechar a base militar de Guantánamo que os EUA mantém na ilha de Cuba, não pode interromper o curso da gastança militar que penalizam os seus contribuintes para manterem o controle do petróleo e outros, não pode decidir sobre a invasão da Libia, enfim, paraece-me que Obama só queria mesmo era ser presidente para repetir Tommaso de Lampedusa, em "O Leopardo": "Mudar para que as coisas permaneçam as mesmas". Só não podemos decidir sobre o que decide a nossa vida. É isso mesmo. Votamos e delegamos aos nossos representantes a procuração para que "eles" e não nós passem a decidir. Então entra em cena o sistema já organizado, que se reproduz na cúpula com seu poder composto pelos maiores interesses privados: Redes de emissoras de TVs, as gigantescas e ditatoriais Teles e  Bancos, as grandes empresas de energia, as megaconstrutoras, distribuidoras de petróleo etc. Sim, este é o poder de fato, que financia nossos parlamentares e depois cobra a devida conta, com juros e correção. Vejam o escândalo da ANATEL, bilionário, a entrega do patrimônio público que poderia ser transformado em solução para o problema da saúde, educação,  entre outros. Mas nós não podemos. Não podemos evitar o aumento dos preços dos combustíveis, não podemos evitar a "roubalheira vergonhosa e inadmissível" das empresas de cartões de crédito e bancos; não podemos evitar que juízes corruptos deixem os grandes assaltantes em liberdade, não podemos modificar o código penal porque o Congresso não quer (os financiadores não permitem); não podemos evitar que o governo crie um imposto para a saúde e não o aplique nela, condenando à morte milhares de brasileiros; não podemos quebrar os monopólios criados em várias atividades econômicas (transporte, distribuição de petróleo), não podemos evitar o assalto às riquezas da Amazônia (eu vi), não podemos e não podemos muito. Yes, we don't can a lot!!! Há tempo percebi o que outros percebem: nossa liberdade e nosso poder vão até uma determinada linha onde não podemos ultrapassar. Dance, coma, viaje, case, compre um automóvel, funde um partido, uma ONG, faça o que quiser do lado de cá. Mas se você der um gritinho ao teu deputado, do lado de lá, pedindo para evitar o aumento da gasolina ou modificar o atendimento à saúde, ou investigar os rombos que grandes assaltos ao patrimônio que sai do nosso bolso, ele te responderá baixinho: não tem como...o esquema aqui é muito forte...se eu gritar eles me aniquilam e lá se vai o nosso mandato. Ou pior: já entrou no esquema, como o Obama, e dirá frases de grande efeito, como: "construir uma vida digna, uma sociedade igualitária, onde nossos corações pulsem com alegria e nossas almas se embriaguem de liberdade"!! Aplaudiremos como aplaudimos tudo o que é belo, mas em seguida voltamos aos nossos lares sem remédio e com as velhas contas a pagar, cada vez mais caras. Simplesmente porque sim, nós não podemos. Poder popular é um mito.  "Yes, we don't can!!!! 

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