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quarta-feira, 16 de março de 2011

Jovens de ontem e velhos de hoje.

     Pois confesso aos meus amigos que estou de saco cheio de tanto ouvir que "a juventude de hoje é um bando de drogados", que não quer nada com nada, que odeiam o trabalho e coisas do gênero. Também não suporto aquela história de que "no meu tempo sim é que tinha música, não as barulheiras de hoje." Ora, nós somos da geração do Rock, amávamos e amamos os Beatles e os Rolling Stones, tomávamos uns porres "federais" e dizíamos: "é uma brasa, mora!". Não falo das nossas transgressões, creio que deixaríamos os jovens de hoje envergonhados, pois fazíamos tudo enquanto negávamos ao mesmo tempo. Tá certo que fomos capazes de enterrar a carcomida sociedade dos velhos e repressivos costumes, mas não vejo glória nenhuma nisso: cada geração deve superar a anterior e deixar o mundo um pouco melhor, ao menos. Essa é a grande missão de cada época e acredito que todos a cumprem de uma forma ou outra. Talvez esses decrépitos velhos não suportem a autenticidade dos jovens de hoje, capazes de assumirem tudo sem a nossa hipocrisia de antes. Escancaram o amor sem rodeios e...negam, sim, aquele velho e fatigante trabalho da "nossa" época, quando morria-se mais cedo rebentado como um burro de carga em troca de um salário de fome. São mais inteligentes, não entram em "frias ideológicas" e qualquer movimento que venham a fazer será fruto de sua própria elaboração e não dos nossos fracassados conselhos. São, também, mais criativos: não há semana em que uma novidade não esteja sendo lançada mundo afora, tornando a nossa vida melhor. Recusam a exploração que nós pacientemente suportamos e têm, hoje, a coragem que não tínhamos: "demitir a empresa" que não lhes respeita. Drogados houve em toda a História, mas não tomemos a regra pela exceção. Nós também morríamos de cachaça e cigarro. Mas a maioria segue em frente, com aquelas virtudes que pouco percebem: receber o velho mundo e tocá-lo adiante. Fico feliz assistindo o que essa "gurizada" é capaz de fazer a agradeço por continuar vivo para testemunhar muito mais. Velhice, meus amigos, é parar no tempo antes do tempo. Pena que muitos estejam assim. Eu opto por manter minha cabeça sempre acesa e assim pretendo morrer, como (perdõem a comparação) Galileu: suportando repressões mas criando e melhorando o mundo.
Que acordem para as maravilhas da juventude, aprenderão a envelhecer melhor.

Um comentário:

  1. Até que enfim alguém com um maravilhoso senso de realidade. Que bom que as gerações mudam, as pessoas mudam, o mundo muda. Pois assim, cada geração tem as suas história para contar, suas experiências para dividir. Quão monótono seria se cada geração fosse igual à outra. Parabéns pelos textos, estão cada dia melhores.

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