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quarta-feira, 30 de março de 2011

Em defesa do BBB

          Pois meus amigos, confesso que não estou junto com aqueles que jogam pedras no BBB. Para quem faz uma leitura do programa, buscando entender o porquê de tanta audiência, acabará descobrindo que há muito mais do que a pretensa "superficialidade", junto às banalidades sexuais e outras coisas. Não sei se acerto (aliás, há tempo não me preocupo mais com isso), mas penso que as pessoas gostam porque de alguma forma se vêem ali, participam virtualmente como se estivessem jogando, gostam de acompanhar como as pessoas se revelam com as suas idiossincrasias, nos seus relacionamentos e, também, porque de alguma forma exercem poder, quando votam para eliminar alguém. Que oportunidade, hein? Tal como um torcedor nas arquibancadas do estádio: pode xingar o juíz, pedir uma substituição, chamar o técnico de burro. Podem também sonhar, encarnando um deles ou torcendo para alguém. Há muito ali, aquelas "trivialidades" que os intelectuais odeiam, como odeiam as músicas populares por dizerem a verdade, como "o mais importante de tudo é o amor", "sem você eu não seria ninguém", etc. O BBB é uma máquina de dinheiro que deu certo. Diverte e entristece ao mesmo tempo, como as pessoas gostam, como as pessoas são na vida real. A Globo se lambusa em mihões faturados a cada rodada de telefonemas, sem contar com o resto do bem montado marketing. E nós pagamos. Fosse a pretensa "porcaria", não pagaríamos e o projeto não decolaria. Dez anos faturando. A Inglaterra tentou uma alternativa "inteligente e intelectualizada" e foi um redundante fracasso. Respeitemos os que assistem. Não integro aqueles que se acham no direito de substituir o povo e decidir o que é bom ou ruim para êle. Seria muita arrogância, muita prepotência. Aliás, cutuquei um amigo "hiperirresignado" perguntando por que não mudava de canal, ao invés de assistir para alimentar a própria revolta? Disse-lhe que há canais ótimos como alternativa. Surpreendi-me quando constatei que jamais sintoniza a TV Educativa, não lembra de nenhum "Canal Livre", não vê o "Roda Viva", tampouco algum ótimo documentário da "TV Escola", só para citar alguns entre os canais abertos. Discutir a ditadura da mídia no Brasil, é outra coisa. Esse cartel formado pelas quatro maiores emissoras e seus compromissos internacionais, é assunto sério. Somos privados, é verdade, da esplêndida arte produzida em outros lugares. Há um dirigismo cultural inquestionável, capitaneado pela Globo, onde jamais assistimos um filme Austríaco, Húngaro, Romeno, Polonês, Russo e de tantos outros países, como se vê na Europa, onde a legislação garante o chamado "pluralismo estético". No Brasil isso não acontece, a própria legislação permite o autoritarismo cultural. Para democratizarmos as comunicações, então comecemos a democratizar a legislação e o poder legislativo, através dos nossos deputados. O judiciário também. Acredito que essa audiência do BBB reflete o nível cultural e de exigência das pessoas. Mais educação, mais cultura e as coisas se modificam. Também não gosto da Globo, mas a penalizo não lhe dando audiência quando não me convem. Essa é a única forma de combatê-la, por enquanto, até que consigamos por algo melhor em seu lugar. Essa mudança dependerá das próprias mudanças no seio da população. Não posso imaginar o que seja bom ou ruim para os outros, o senso comum vai decidindo. Como dizia Voltaire: "Não concordo com uma só palavra do que dizeis, mas defenderei, até à morte, o vosso direito de dizer."

Um comentário:

  1. Muito bom o texto. Uma observação para a conclusão, q achei um pouco fraca para a dinâmica que vc apresentou no inicio. Mais parabéns mesmo...
    Dá uma olhadinha no meu blog. (estou reconstruindo) http://copiasimperfeitas.blogspot.com.br/2013/12/negro-afrodescendente-ou-preto.html

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