Pesquisar este blog

sábado, 16 de abril de 2011

A vitória da doença.

     Há algum tempo pensava que o problema da assistência médica não teria solução. Ouvindo sobre o assunto, desde criança, não testemunhei ao menos a proximidade de atingirmos um patamar de satisfação sobre o que é uma das maiores responsabilidades do Estado e direito dos cidadãos, conforme nossa Constituição determina. Décadas se passaram e a "Saúde" permaneceu como um tema importantíssimo na demagogia dos nossos cantidados, o que explica, em parte, a continuidade do fracasso das políticas públicas. "Saúde e Educação" rende votos, e muito, então que não se resolva. Pensava que em nenhum lugar haveria saída. Descobri, contudo, que em muitos países isso é página dobrada, organizaram de tal forma que apenas integra o cotidiano das pessoas, tranquilas por contarem com toda a assistência necessária durante seus infortúnios. Então a pergunta: o que falta, afinal, por aqui? Recursos? Lembremos da CPMF, proposta pelo ex-ministro Jatene; arrecadava mais de 50 bilhões por ano, suficiente para resolver o problema de Norte a Sul do país. Entretanto, o governo surrupiava esses recursos para cobrir outros rombos orçamentários. Extinta a CPMF e o governo aumentou o IOF, para compensar e, surpreendentemente a arrecadação foi ainda maior. Novamente vieram os desvios, pelas mesmas razões, e permaneceu o quadro vergonhoso que estampa o sofrimento do nosso povo, do Oiapoque ao Chuí, morrendo condenado pela indiferença, a incompetência, a falta de vontade, o desrespeito à vida humana. Hoje falo do fundo do meu coração, por testemunhar isso junto com tantos outros. Não basta que a doença permança no trono junto com a demagogia dos nossos representantes: a indiferença ou a impotência permanece, mesmo entre aqueles em que mais acreditamos. Pois é...as coisas sempre foram assim. Então que vivamos por sorte. Mas as doenças geram outras: a revolta dos atingidos que descobrem que muito poderia ser feito sem custo algum, modificando-se apenas os procedimentos, controlando-se melhor o sistema que em certas situações está atirado às traças. É preciso muito pouca coragem para interferir nos meandros dessa burocracia que trata pessoas como "estorvos" ou "culpados" pela sua condição. É urgente que se tomem decisões para modificar essa supermáquina paquidérmica de um sistema altamente centralizado que não se move a contento. Os mesmos recursos que alegam faltar desaparecem nos ralos da corrupção e do descontrole. escândalos após escândalos e impunidade garantida. Não há um Código Penal sério nem vontade política para corrigí-lo. O que aguardamos pacientemente parece destinado a avançar no tempo, com discussões parlamentares viciadas na busca de "um acordo" que não descontente os interesses privados em luta com os serviços públicos. Aliás, nesse conflito parece inexistir uma decisão firme que resolva o problema, permanecendo o sofrimento dos que necessitam e a morte de milhares diante das indecisões. Nosso Brasil é o território da vitória da doença, da derrota da Saúde, da falta de vontade política diante das possibilidades, da comprovação de que a execução orçamentária põe viadutos e propagandas acima da prioridade da vida. A solução é possível e está todos os dias ao nosso alcance, basta que a vida esteja em primeiro lugar e que os nossos representantes passem a respeitá-la mais, pois as honrosas exceções não são suficientes.

4 comentários:

  1. Talvez, só quem vive a situação entenda entenda a força do texto

    ResponderExcluir
  2. Prezado De Cézaro, é bom saber que estás na ativa novamente torço por ti, grande abraço.

    ResponderExcluir
  3. Escreveste uma grande verdade.Vale lembrar que a nossa presidente só venceu o câncer linfático com recursos do salário de ministra e pela sua posição, se fosse uma cidadã normal não teria escapado, pois só o acesso à medicação de ultima geração permitiu que ela vencesse a doença.Já para o restante da população..........

    ResponderExcluir
  4. De Cesaro viveu um ano e meio. Conseguiu sua medicação (que o IPE não fornrceu) na justiça. Custava a bagatela de $27.000,00 ao mes, mas conseguiu prolongar sua vida. Quantos por desinformção e por tanta burocracia não conseguiram? Lamento por esses tantos!

    ResponderExcluir